
Bom Dia! Hoje temos a estreia do nosso mais novo colunista Arian Dialectaquiz Santos, que além de escritor é um amante das artes e vai trazer para vocês ótimas dicas de filmes e séries. Para esta sua primeira postagem ele escolheu trazer uma critica ao filme Deixe-me entrar de 2010 que foi dirigido pelo Matt Reeves de filmes como o Planeta dos Macacos O confronte(2014) e A Guerra(2017) e em breve O Batman.
Vampiros: Por que não os fazer crianças?
Vampiros. Caso você digite o substantivo com "filmes de" à frente em qualquer buscador na internet, será bombardeado com enredos feitos sob encomenda a um público acostumado com certa maciez de trama, onde a narrativa envolve o espectador a se encantar pela pele suave e branca dos vampiros, seus olhos fascinantes e misteriosos que tentam – em geral sem muito sucesso – colocar um ar de sobriedade ante a força descomunal, rapidez e sentidos melhores. Tais atributos físicos são amarrados com uma trama de romance e drama transformando a obra num emaranhado de ação, cenas românticas e tentativas de vender seres poderosos vivendo, quase sempre como adolescentes, entre os humanos.
Caminhando para além de atores adultos interpretando vampiros adolescentes, "Deixe-me entrar" protagoniza atores em sua infância, atuando na narrativa nada infantil de suspense e terror. Pode não ser a primeira vez que uma atriz infantil no papel de uma criatura sanguinária, porém Chloë Grace Moretz dá vida à Abby, a protagonista do filme, com o intuito mais gutural do que o passional papel de Kirsten Dunst como Claudia em "Entrevista com o vampiro".

Confesso que, durante os primeiros cinco minutos do filme, fiquei receoso em assistir. Saturado de narrativas idênticas, com começos e finais praticamente iguais, o ambiente escuro de uma cidadezinha Estado-Unidense coberta por neve e desesperança financeira aos jovens, quase me enganou, pois logo no início conhecemos Owen, interpretado por Kodi McPhee, o típico pré-adolescente que sofre bullying por parte de Kenny (Dylan Minnette), personagem muito mais esférico do que se apresenta durante todo o filme até um cena em particular, na qual os valores e juízos prévios são desmoronados, ou ao menos explicados, com uma frase marcante do irmão mais velho de Kenny.
Muitos personagens constroem o ambiente angustiante do filme, juntamente com a fotografia absurdamente claustrofóbica adotada pelo diretor Matt Reeves, mas é Chloë Grace Moretz que torna o filme uma obra de arte, pois Owen é tão ingênuo e sonhador como o estereótipo pede e acaba se intrigando com Abby à primeira vista, juntamente com o espectador.

A pele branca está presente na vampira de, fisicamente doze anos, de Moretz, bem como ares do desconhecido e da sarcástica arrogância que seres muito velhos são geralmente apresentados com. A clássica adjetivação de vampiros norte-americanos termina aqui, pois Abby não tem nada do estereótipo do novo cinema vampírico, muito menos do excruciantemente aterrador cinema expressionista alemão, onde o macabro começa a chegar ao público, quando o público começa a procurar pelo macabro nas telas.
A vampira de Moretz lhe traz frio, quando é apresentada caminhando sobre a neve descalça. Seus pés pequenos apresentam marcas típicas do congelamento, enquanto a indumentária da vampira, desleixada e suja, faz quem assiste repensar sobre os finos e caros ternos sob medida, e sobretudos negros que imortais devem usar. Abby, entretanto, não precisa disso, todos sabemos que ela é uma vampira, mesmo que a palavra mal seja usada durante o filme.
O filme é de terror, concede medo e arrepio -psicológico e físico- do início ao fim, principalmente no fim. Mas o filme também é de suspense, não de quem vê, porque quem assiste sempre deduz corretamente qual a próxima cena. O suspense está em Owen, garoto por quem é impossível torcer contra, ainda que ele mesmo vá contra a própria segurança, buscando em Abby a força e o apoio para começar a criar sua personalidade, estagnada em si dentro de um ambiente familiar confuso, marcado pela separação dos pais. Assim sendo, o filme também é um romance. E que belíssimo romance.

Deixando de fora cenas marcantes, macabras e de se aplaudir de pé, após rever no mínimo duas vezes as mesmas, "Deixe-me entrar" traz diálogos simples, mas viscerais, que envolvem o espectador na relação entre Abby e Owen, explicitada por gestos cordeias entre ambos, e principalmente parceria, reciprocidade e confiança conquistada, por ambas as partes.
McPhee e Moretz sintetizam em seus diálogos, em suas atuações, o que o próprio filme planeja passar. Owen é ingênuo, para não falar estúpido, enquanto Abby é tão perturbada que se torna difícil enxergar sua maturidade e seu caráter decidido que é revelado de forma dócil numa cena de gelar a inspiração entre ela e seu tutor, vivido por Richard Jenkins. Owen e Abby tentam conquistar a confiança um do outro durante todo o filme, enquanto Owen tenta descobrir o que realmente importa para si e Abby aprende a sobreviver confiando em outro alguém.
Nos primeiros cinco minutos a vontade é de trocar de filme, descobrir se a versão sueca de 2008 "Låt den rätte komma in" - também baseada na obra de John Lindqvist - é melhor (na minha opinião, sim, mas fica para outra oportunidade a estética escandinava). Nos vinte minutos seguintes a vontade de sacudir Owen até que ele acorde passa a diminuir, enquanto a tensão ao redor de Abby aumenta. Já nos minutos finais o desejo de que o filme não acabe se mistura à miscelânea e sentimentos simultâneos.
"Deixe-me entrar" é uma obra rara no cinema de bilheteria norte americano, um dos poucos filmes em que o expectador se incomoda o tempo todo, e gosta disso. Uma obra com estética tão boa, fotografia essencial e narrativa surpreendente que consegue reintegrar um pouco de fé nos vampiros da ficção. Marcante, angustiante e incômodo, ainda que bonito e elegante. Todos os adjetivos que um vampiro deve ter.

Adorei o filme. Assisti apenas alguns minutos da versão sueca e desisti.
ResponderExcluir(Arian) Não desista, vale muito a pena pela narrativa, e pela fotografia.
ExcluirOlá,
ResponderExcluirO filme parece ser bem interessante. Amo filmes de terror e suspense, já está na minha lista.
Beijinhos,
https://livroseimaginacoes.blogspot.com.br
Oi Arian, seja bem vindo! Não conhecia este filme, mas gostei do que você falou sobre ele, ainda mais pela parte de terror psicológico, que aliás, adoro. Vou anotar o título para poder assistir.
ResponderExcluirBjs, Rose
Olá
ResponderExcluirAssisti esse filme pois não tinha dada pra ver, sabe quando a gente esta procurando o que assistir e PAH, e realmente, comecei a ver meio sem interesse mas do meio pro fim já queria saber o que aconteceria.
No geral, gostei do filme, tanto que não abandonei, kkk
Bjus
Jis Rocha
Blog Cá Entre Nós
Uau, que resenha mais refinada, hehe. Admito que não conhecia o filme e tampouco é algo que veria, acho. Mas sua crítica me chamou muito a atenção. Talvez eu dê uma olhada neste filme. Mas certamente indicarei para um amigo ;)
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Assisti esse filme um tempo atrás já, então não lembro muitas coisas, porém lembro que foi bem "incômodo" mesmo, mas de uma forma boa, haha. Adorei o post!
ResponderExcluirBeijos,
https://duaslivreiras.blogspot.com.br/
Já tinha ouvido falar do filme, mas confesso que até hoje não tinha me despertado interesse algum. Fiquei impressionada com sua opinião sobre o filme e despertou minha atenção para vários pontos, especialmente por ele fugir dos clichês.
ResponderExcluirDica super anotada.
Beijos.
https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/
Já ouvir falar desse filme bem por auto e nunca pensei que traria esse tipo de historia. Fiquei bem curiosa por se tratar de vampiro. Irei velo e tirar minhas conclusões.
ResponderExcluirhttp://imagine-livros.blogspot.com.br/
Olá tudo bem? Não conhecia o filme e fiquei muuiito curiosa pra ver, adoro a temática e acredito que teria um certo medo mais enfrentaria na boa, adorei a dica, até breve! <3
ResponderExcluirOlá, ainda não conhecia esse filme mas depois do seu post já fiquei com vontade de assistir ele, parece bem sombrio e dark, ainda mais por eu gostar bastante da atriz que faz parte do elenco.
ResponderExcluirpetalasdeliberdade.blogspot.com
Eu ainda não conhecia o filme, mas gostei da dica e fiquei com vontade de ver também. Gostei bastante da postagem, dica anotada para assistir quando tiver um tempinho sobrando.
ResponderExcluirOlá Arian,
ResponderExcluirNão conhecia esse filme, mas, por todos os elogios que você apresentou, fiquei contente por tê-lo conhecido. Achei muito legal ser uma trama que vai deixar o expectador incomodado, eu adoro essa sensação.
Vou anotar a dica, sem sombra de dúvidas!
Beijos
Esse filme é de uma delicadeza muito singela... apeta pro romance adolescente, mas não deixa isso subir à cabeça e tomar toda a narrativa proposta pela obra. Dá vontade de guardar no bolso e assistir várias vezes, porque tem nuances bem suaves que não dá pra ver na primeira vez. Sensacional ;)
ResponderExcluir(Arian) Exatamente, Falkner. Cada detalhe é único.
Excluireu vi esse filme muito tempo atrás e preciso rever... fiquei curiosa pra ler o livro que ele foi adaptado tbm... Moretz desde pequena mostrando que é uma atriz competente...
ResponderExcluirbjs...
Oie
ResponderExcluirja tentei ver o filme uma vez mas sinceramente não me prendeu e eu gosto bastante da atriz mas o enredo em si não conseguiu me conquistar, porém, tentaria ver novamente
beijos
http://www.prismaliterario.com.br/
Olá!
ResponderExcluirCaramba que história mais interessante. Não conhecia essa trama e já anotei o nome para procurar pra assistir. Adorei a forma entusiasmada com que contou sua experiência, ela fez total diferença para me conquistar a assistir essa trama.
Beijos!
Camila de Moraes
Oi Arian! Tudo bem?
ResponderExcluirSou uma apaixonada por filmes de vampiros e com certeza eu quero muito ver esse e a versão original sueca, além de há tempos estar procurando pelo livro que deu origem ao filme. Especialmente porque a Feira do Livro de Porto Alegre de 2017 homenageou autores escandinavos.
Abraços e beijos da Lady Trotsky...
http://rillismo.blogspot.com
http://osvampirosportenhos.blogspot.com
(Arian) Que legal, assista ambos, vale a pena.
ExcluirDesculpe não me identificar, mas sou péssimo com tecnologia.
Olá!
ResponderExcluirNunca cogitei em assistir esse filme. Gostei muito da sua crítica, vou procurar por ele para conferir por conta própria. rsrs
Bjos
Lucy - Por essas páginas
Olá, tudo bem? Eu não conhecia esse filme, na verdade se quer ouvi falar até o momento. Porém, apaixonada por terror como sou e pela atriz Chloë, precisarei dar uma chance. Espero gostar! Obrigada pela dica :)
ResponderExcluirBeijos,
Blog Luna literária
Olá, Arian Dialectaquiz Santos, seja bem-vindo, espero que curta este espaço. Sobre o filme, não conhecia, nunca vi falar, mas gosto quando o filme incomoda. vou pesquisar para assistir.
ResponderExcluir(Arian) Muito obrigado, Lilian. Assista, ele incomoda em doses homeopáticas e exponenciais ao longo da narativa.
ExcluirOi Arian,
ResponderExcluirParabéns pela excelente crítica. Adoro filmes de terror e de vampiros mas tenho visto poucos ultimamente porque, como você mesmo disse, acabou virando um produto de massa. Não assisti Deixe-me Entrar por achar que encontraria exatamente isso. Não reparei que o diretor é o mesmo dos ótimos Planeta dos Macacos 2 e 3. Vou aproveitar a dica e assistir. Owbrigado.
Abraços,
André | Garotos Perdidos
(Arian) Obrigado, André! Assista, não virará um cliché ao longo da narrativa. Particularmente não gosto da sequência do Planeta dos Macacos, apenas do primeiro.
ExcluirOlá...eu nunca assisti todo o filme, sempre pego alguns pedaços, kkkk
ResponderExcluirPreciso conferir na integra.
Abraços
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirNão conhecia o filme, mas já vou procurar para assistir, adoro histórias de vampiros, e acho que vou curtir o filme!
Bjs
Olá.
ResponderExcluirAmo o filme e amo o livro. Realmente souberam tratar os vampiros de uma forma diferente, mas muito interessante.
Adorei a crítica.
Abraços :D